segunda-feira, 15 de agosto de 2011

A Rede Globo na cobertura dos acontecimentos em Londres

Londres nunca será a mesma depois dos distúrbios desta semana que passou. Nós também não. A semana foi tensa e cheia de interrogações. Um dos pontos que também me chamou a atenção foi a cobertura jornalística do acontecimento por parte da Rede Globo de Televisão. Não sou daquele tipo de brasileiro que, por definição, desvaloriza tudo que é de seu país e só valoriza o que vem do dito primeiro mundo. Se pensarmos com cuidado, o dito primeiro mundo nem existe, assim como o terceiro. O que temos é um só planeta cansado de ser explorado pela fome de poder que nos impede de dar o passo necessário na direção de uma sociedade mais evoluída, menos egoísta e com novos valores.

Voltando à cobertura dos acontecimentos aqui de Londres pela Rede Globo de Televisão, encontramos uma grande amostra do que nos impede de socialmente prosseguir. Suas práticas lembram-nos alguns totalitarismos que abarcaram o mundo no meio do século passado.

Em busca da audiência, a Globo desprezou familiares e amigos de brasileiros que residem na Inglaterra. Esta rede de televisão mostrou os sérios distúrbios que ocorreram em Londres de uma forma exageradamente editada que passava a certeza de que Londres estaria em chamas. Sim, vivemos em um mundo editado pela mídia e para sairmos dele será preciso muito mais do que fim da Globo. Entretanto, a Globo exagera em sua obesidade editorial. Muitas vezes, ao assistirmos às suas reportagens, podemos rememorar os tempos do jornal Notícias Populares.

Uma rede de televisão privada, sem dúvida, tem suas inclinações políticas e objetivos mercadológicos. É possível entendermos, apesar de discordarmos, estratégias que priorizam baixa qualidade e pouca profundidade da programação em busca de audiência, já que apenas números importam a esta emissora. Também não é difícil compreender os interesses políticos deste canal ao dar mais espaço em sua programação para este ou aquele partido político. Estas atitudes, ainda que criticáveis, mostram-se atenuadas diante da irresponsável edição que a emissora mostrou dos fatos em Londres. Infelizmente, este é só um exemplo de uma conduta jornalística que vem se tornando cada vez mais comum.

O triste episódio não aconteceu em toda Londres e nem tampouco em toda Inglaterra. Alguns bairros da cidade sofreram muito com os ataques, mas não foram todos. Apenas algumas cidades do país tiveram partes atingidas. A Globo tem potencial para ser uma grande emissora de TV. Tem nas mãos o poder da liderança de mercado e deveria ter a responsabilidade de arriscar um processo de mudança em nosso país. O poder que tem é muito grande, mas, infelizmente, junto com ele vem sempre a necessidade da manutenção do que está estabelecido, do sistema que aprendeu a dominar.

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