segunda-feira, 28 de março de 2011

Bate-papo em Londres com Nathalia Amadeu - egressa da turma de 2006 do curso de Comunicação Social da ESPM


Este é um projeto-piloto desenvolvido pelo Núcleo de Relacionamento da ESPM, área responsável pela relação entre a escola e os colégios e cursinhos frequentados por nossos potenciais alunos. Como professor da ESPM, participo ativamente das atividades promovidas pelo Núcleo, que variam de palestras, mesas redondas, participação em eventos ao desenvolvimento de novos projetos voltados a afinar a comunicação entre a ESPM e a comunidade. Confesso ser um entusiasta das atividades do Núcleo de Relacionamentos, já que o entendo como um dos principais diferenciais da ESPM, a exemplo do sucesso observado em eventos como o ESPM Experience e o Aluno por 1 dia.
Dentre as novas iniciativas propostas pelo Núcleo, está o estreitamento do relacionamento entre a escola e seus ex-alunos. A ideia é entender, qualitativamente, o que os egressos da ESPM têm feito mundo afora: onde trabalham ou estudam; se permanecem na área em que se formaram ou não; como tem se dado o desenvolvimento de suas carreiras; como avaliam o papel da ESPM nas suas trajetórias profissionais.
Como empreitada-piloto, aproveitamos meu período de estudos aqui na Inglaterra para conversar com Nathalia Amadeu, ex-aluna do curso de Comunicação Social, que atualmente trabalha no escritório central da multinacional Unilever, aqui em Londres. Apostamos que seria um começo interessante, visto que poderíamos pesquisar a influência de nossa escola em uma carreira que está sendo desenvolvida internacionalmente. A conversa com Nathalia ocorreu durante seu horário de almoço, em um agradável restaurante japonês, próximo ao seu escritório, às margens do Tâmisa.
Confira o perfil e a trajetória de Nathalia Amadeu, 25 anos, egressa da turma de 2006 do curso de Comunicação Social da ESPM.

João: Conte, brevemente, sua trajetória pessoal e escolar até ingressar na ESPM

Nathalia: Eu nasci em São Paulo, mas - enquanto solteira - sempre morei em São Bernardo do Campo. Comecei a pré-escola em São Bernardo mesmo, em uma escola que se chamava Aquarela (hoje associada ao Pueri Domus). Então me mudei para a Escola Barifaldi, onde estudei da 1ª a 4ª série como preparatório para o Colégio Bandeirantes, onde estudei da 5ª a 8ª. Por conta de uma crise financeira que meus pais enfrentaram nesta época, eu tive que fazer o colegial em uma escola pública chamada Escola Técnica Estadual Júlio de Mesquita, em Santo André. Junto com o último ano, eu fiz cursinho no Anglo para me preparar para o vestibular. Comecei considerando Administração, depois descobri o que era Marketing e me achei. Prestei as 3 melhores escolas de Propaganda que o Guia do Estudante indicava (ESPM, USP e Metodista) porque buscava a melhor formação para o meu futuro. Eu passei na ESPM e na Metodista e decidi pela ESPM por causa do reconhecimento que tem na área.

João: Como foi seu período de curso na ESPM? As lembranças que carrega da graduação, os primeiros dias de aula, os estágios realizados, opção de carreira…

Nathalia: Que delícia falar sobre este período! Guardo as melhores lembranças ... Lembro dos primeiros dias, quando voltei a encontrar colegas do Band ... e então pensava que apesar do desvio nos planos durante o colegial, consegui chegar onde queria. Os professores do primeiro semestre foram os mais marcantes ... Lembro do Chamie, quem eu respeitava muito, do Ismael, que fez com que eu me apaixonasse por Mercadologia (eu adorava ler Kotler rs), das aulas de história da arte que eu lembro até hoje durante minhas visitas a museus e exposições.
Durante o 3º semestre, eu ingressei na Empresa Junior como consultora, fiz dois projetos para grandes empresas como Reckitt Benkiser e Associação das Operadoras de Televisão por Assinatura do Brasil e então, depois de um ano, prestei o processo para assumir a gestão da empresa. Foi uma opção diferente das que meus colegas escolheram na época, pois todos acreditavam que era melhor ir para o mercado do que ‘perder’ tempo em uma empresa junior. Mas, foi a melhor decisão que tomei. Eu estava no mercado. Cresci muito, fui exposta a diversas situações que contribuíram bastante para o meu desenvolvimento profissional. Liderávamos uma empresa com 50 funcionários na época, eu coordenava projetos importantes, lidava diretamente com grandes clientes e isso acelerou o meu amadurecimento.
No último ano, eu prestei alguns estágios e passei na Natura e na Unilever – era um sonho. Escolhi a Unilever por conta do desafio, porque todos diziam que era uma escola de Marketing, estabelecida no mercado há anos, reconhecida como uma empresa de marcas, o que eu imaginava ser mais interessante para o início da minha carreira. Acertei!
Desde quando aprendi o que era Marketing, tive certeza do que queria. Não foi difícil escolher Marcas entre as optativas e eu me lembro de assistir as aulas com sorriso no rosto.
E então para encerrar o ciclo, eu e minhas colegas procuramos um assunto diferente para ser tema do nosso PGE. Nós queríamos fazer historia. rs. Então decidimos fazer um plano de reposicionamento de um bairro – Brás – e no final entregamos 2 PGEs (para a associação dos lojistas e para o bairro). Fomos orientadas pelo professor Garcia, quem eu admiro muito – provocativo, inteligente, conectado e uma pessoa doce. O projeto foi motivo de muito orgulho – nós conquistamos o grand prix do prêmio Francisco Gracioso e soubemos por muito tempo depois que o nosso projeto serviu de referência para outras gerações de alunos.

João: Como foi seu percurso profissional após a graduação?

Nathalia: No final do estágio na Unilever, fui indicada a trainee, mas porque não tive um bom desempenho na entrevista final do processo não passei – a maior frustração. Então corri em paralelo para ter o mesmo sucesso que esta oportunidade me daria, percorrendo outro caminho. Na ocasião, fui efetivada como coordenadora de Hair Care – em uma área nova, criada para preempt de um grande competidor que entrava no mercado, uma vaga super desejada por coordenadores mais seniores – o que serviu como boa recompensa. Depois de um ano, fui para Customer Marketing de Seda, onde eu era responsável pelo deployment no PDV de todas as inovações da marca (estratégia de preços, assortment, visibilidade, relacionamento com clientes e equipe de vendas...). Mais um ano e me mudei para Market Development de Premium Brands, uma nova área da Unilever Brasil com foco no desenvolvimento das categorias (estratégias focadas no aumento de penetração, frequência de compra e volume consumido). Em 2010, me movimentei para Brand Building de Dove Hair (escopo: plano de mídia, ativação 360, portfolio management) até chegar em Brand Development de Dove Hair, onde sou responsável pelo desenvolvimento de produtos, de comunicação e brand equity em todos os países onde a marca está presente.

João: Agora, conte-nos sobre o processo de sua vinda para Londres e sobre sua condição de trabalho atual (empresa em trabalha, área de atuação, principais atividades que executa, a quem responde hierarquicamente) e perspectivas futuras nesta empresa e no mercado de trabalho.

Nathalia: Eu sempre compartilhei com o meu marido o sonho de morar fora. Nunca imaginei ser expatriada pela Unilever, pois isso é algo muito difícil de acontecer com níveis abaixo de diretores. Até que eu dividi meus planos com o meu diretor no ano passado e estava pronta para deixar a empresa para esta experiência, aproveitando o estágio de vida pessoal e profissional, que me permitia o passo. Inesperadamente recebi então uma proposta de assignment para o headquarter em Londres e não pensei duas vezes. Eu continuo em Hair Care, categoria-chave da Unilever no mundo, respondendo direto para a diretora da minha área. Minha expectativa é de ser promovida ainda este ano e continuar crescendo aqui dentro. Tenho me preparado para dar continuidade a minha carreira em outros países onde a Unilever está presente. Quero mergulhar em outros mercados, conhecer novas culturas e agregar à minha experiência um background diversificado. Eu não pretendo sair da Unilever por enquanto, mas não ignorarei as oportunidades no mercado

João: Falando de futuro, como planeja dar continuidade ao seu aperfeiçoamento profissional? Pretende continuar os estudos? Em que área e universidade?

Nathalia: Desde quando terminei a graduação, tenho muita vontade de voltar a ESPM para dar aulas. Sinto que tenho tanto para compartilhar com os alunos! Tive a feliz oportunidade de dividir meus planos com o Garcia, que me aconselhou a fazer um mestrado como primeiro passo. Meu objetivo hoje é me aprofundar no tema branding, em uma especialização aqui em Londres mesmo, embora esteja difícil encontrar uma universidade dedicada a esta disciplina. E seguir com um mestrado. Vou me preparar para a vida acadêmica que tanto me encanta. E com certeza voltarei para a escola (ESPM) no futuro.

João: Como você avaliaria a participação da ESPM em sua formação acadêmica e profissional?

Nathalia: Essencial. Não apenas pelo conteúdo que obtive durante a graduação, como também pelos incentivos que recebi para respirar marketing, pela experiência, pela oportunidade na empresa júnior, pelo relacionamento com os professores... Quando me perguntam onde me formei, respondo de boca cheia.

João: Na sua opinião, em que o curso da ESPM que você cursou poderia tentar melhorar?

Nathalia: É difícil criticar depois de 4 anos... Imagino que muitas transformações tenham ocorrido neste tempo. Com base na minha experiência, no entanto, acredito que poderiam capacitar ainda mais os alunos em análises qualitativas mais aprofundadas das informações de mercado, o que tive que aprender com a experiência e exigência de meus chefes, e também encorajar os alunos a desenvolver novos instrumentos, modelos e ferramentas de análise mercadológica. Suas próprias ferramentas além das tradicionais análise SWOT, Matriz BCG etc. Novas perspectivas podem trazer descobertas que ninguém enxerga. E é ai que você se destaca.

João: Para finalizar, que dicas você daria para um aluno que queira trabalhar no exterior?

Nathalia: Você tem que saber onde você quer chegar e traçar o caminho a ser percorrido. Você tem que saber onde você vai investir sua energia. Quando você não se planeja, pode perder tempo, dinheiro e oportunidades. A primeira pergunta não é “qual é o próximo passo?”, mas “qual é o destino?”. Ai você traça os seus passos e estará preparado para fazer escolhas – porque a vida apresenta um monte delas. Quando você sabe o que quer e SE PREPARA para a conquista, a chance de sucesso é maior.

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