terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

A Chegada

Na noite de 28, ainda no aeroporto, em meio ao que muitos chamam de caos, pude perceber que esta viagem seria diferente de outras. Não só pelo tempo que ficaria fora e pelo propósito da viagem, mas também pelo seu espírito de investigação. Em uma interminável fila para entrar na área internacional do aeroporto de Guarulhos, percebi que minha forma de perceber aquele momento estava diferente. Não era o entorno que havia mudado, mas o meu olhar sobre ele, mais investigativo, menos condenatório. Passageiros correndo, tensos com a fila. Pouca solidariedade entre as pessoas. Um ambiente hostil, uma energia pesada. É incrível como nestes momentos, em um aeroporto, grande parte do público faz cara de “mau” ao puxar suas bagagens de mão, que insistem em estar fora dos limites de tamanho e de peso. Quanto menos dentro das regras, a mala, mais cara de mau parece fazer seu portador. Senti-me mais observador e menos participante. Tentei me ausentar daquela bagunça, sem idealizar a possibilidade disto acontecer por completo. Consegui, a partir de uma pequena distância, olhar de forma diferente para aquele público que disputava um lugar na fila para, no final, esperar as mesmas horas, apenas para ter a sensação de estar um pouco à frente do outro. Difícil entender a lógica daquela disputa. Também não é fácil manter-se crente diante da possibilidade daquele aeroporto suportar um período de Copa do Mundo... Dia 28 era uma sexta-feira comum.

Com este espírito contaminado pela pesquisa e bem mais leve do que em ocasiões anteriores, embarquei para Londres a caminho de meu doutorado sanduíche. Viagem tranquila, sem muitas surpresas. Entrada no país também. O conhecido mau humor dos funcionários da imigração, uma cara de bobo aqui, um sorry ali e tudo se passou normalmente.

Meus primeiros dias em Londres têm sido como os de qualquer imigrante em uma cidade nova: adaptação. Nos primeiros dias eu me senti uma verdadeira ameba. Alguns micos, algumas situações improvisadas e outras muito enriquecedoras. Por fim, assim têm sido meus dias: muito estudo do inglês; algumas leituras; uma tarde na polícia local para registrar minha permanência por aqui; outra no banco tentando abrir uma conta; muitas caminhadas pela cidade, perdendo-me, achando-me. E, é claro, bastante frio!

Estou no aguardo de meu esperado início na UCL – University College of London – com o professor Daniel Miller, na semana de 14 de fevereiro. Muita expectativa, algumas ideias, muitas vontades e uma sensação de ter acertado na escolha que fiz. Vamos conferindo…

Em breve mando mais notícias.

3 comentários:

  1. Eterno) Professor! Faz tempo que frequentei a sua sala de aula, mas me lembro como se fosse ontem todos os ensinamentos que tive. Desejo tudo de melhor para você nessa sua nova empreitada, tenho certeza que será um sucesso! E, pode ter certeza, que acompanharei tudo por aqui!

    Beijos,

    Vanessa Giangiacomo (ESPM - ADM/2009)

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  2. Olá Vanessa,
    Muito obrigado pelas suas palavras.
    É muito bom ser acompanhado aqui de longe por pessoas queridas.
    Grande beijo,
    João

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