quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Jantar de confraternização com prof. Daniel Miller


Elegantemente, o prof. Daniel Miller convidou a todos os brasileiros (e seus acompanhantes) que, de alguma forma, estão ligados a ele aqui em Londres. Estávamos em dois doutorandos em processo de sanduíche orientados pelo próprio prof. Miller, um aluno de seu curso de mestrado em Antropologia Digital e uma doutora que já havia cursado seu doutorado-sanduíche na UCL.
Foi uma noite bastante agradável porque o professor nos convidou para um "comes e bebes" em sua casa antes de irmos ao restaurante. Eles nos pediu que fizéssemos caipirinha para ele. Esta foi servida com um delicioso pão feito pelo próprio antropólogo acompanhado de deliciosas guloseimas.
Depois jantamos em um restaurante brasileiro em Finchley, bairro tipicamente judeu, onde mora o professor. A comida estava deliciosa. Também, a cozinheira era uma mineira de verdade: coxinha, pão de queijo, feijoada, paçoca.
Apesar de sempre ouvir aquelas perguntas julgadores e de senso comum: "você sai do Brasil para ir comer comida brasileira no exterior?" ou pior "você vai para Londres para comer comida brasileira?". É que comida internacional eu como no Brasil. Sabemos que São Paulo é a melhor cidade do mundo em relação à culinária mundial, apesar de me contradizer um pouco ao descobrir que Londres também tem culinárias, principalmente asiáticas, maravilhosas.
Gosto sempre de visitar restaurantes brasileiros em outros locais do mundo. Eles nunca são verdadeiras simulações de Brasil. São simulacros de partes de nosso país adaptados a partir das receitas que usam os ingredientes disponíveis e do gosto dos fregueses locais. Comer uma feijoada em Londres, acredite em mim, não é apenas uma experiência tupiniquim de um brasileiro que está com saudade de casa, pode ser uma aventura antropológica no sentido mais estrito desta disciplina. Observar com olhar menos arrogante e sem deslumbramento pode nos levar a entendender alguns de nossos marcadores identitários. Ver os ingleses comendo feijoada, brigadeiro, pão de queijo é muito interessante. Quem estuda com mais profundidade o consumo, sabe que estas questões não passam apenas pela superfície da falta de adaptação ao local, saudade de casa etc. Ser pesquisador no mundo do consumo é se socializar, gostar de pessoas, experimentar lugares, mesmo estes sendo próximos ao que conhecemos. Um restaurante brasileiro fora do Brasil não é propriamente um restaurante brasileiro apenas. É um campo vasto de observação para um pesquisador.
Por outro lado, o professor Daniel Miller terminou o jantar com um interessante sorriso de satisfação ao ver que os brasileiros adoram ir a um restaurante brasileiro comer comida típica brasileira feita por uma brasileira que foi abraçada carinhosamente por todos no final do jantar.
Vai explicar para um inglês o porquê dos brasileiros abraçarem a cozinheira depois do jantar. Hahahah! :-)

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